segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um diálogo com a solidão - Regine Wilstom


Um diálogo com a solidão - Regine Wilstom
- Oras, e dessa vez quem bate?
- Eu que sempre vou e volto.
- E esse eu, tem nome?
- Me chamam de solidão, devo entrar?
- E por que entraria?
- Pois se foi você que me chamou.
- Eu? E por que o faria?- Olhe-se no espelho, a resposta virá.
- Pois que entre, está acompanhada?
- E como estaria?! Se caminho só.
- Pois faça a bondade, queira entrar.
- Ahn que casa adorável, exala meu ar.
- E que ar é esse? Estás a sonhar?
- Que antes um sonho fosse, é uma triste realidade que virá.
- Mas me fale que ar é esse?
- Seu rosto, não deixa enganar.
- Pois companhia a mim faça, já que estás a vagar.
- Certamente por aqui ficarei, até de mim você cansar.
- E por agora, o que vamos conversar?- Comece você o assunto, estou a pensar.
- Já que pensas, coloque-se a compartilhar.
- E por que e o faria, te conheço de algum lugar?
- Na certa lembra-se de mim, em cada lágrima que te fizeram derrubar.
- E por que o fazem, por que sofro assim?
- Cada um tem seu destino, sua estrada, o seu, leva você a mim.- Oras, como é ousada. Queres me intimidar?
- Não preciso fazer nada, você há de se consolar.
- Sinto uma tristeza que é serena e sossego.
- Sossego por ser serena. Ou serena por ser sossego?
- Sabes que não fiquei a filosofar, isso há de me ajudar?
- A ajuda sempre vem, de outros ventos, um outro além.
- E esse além que nome tem?
- Um nome tão simples, quanto a sua tristeza. Mas já aviso, sem nenhuma beleza.
- E esse além que nome tem?- Morte em vida, ou vida em morte, o que lhe convém?
- Pois agora, já me assusta, e por que me sinto assim?
- Já disse são efeitos de tristes momentos, que trazem você para mim.
- Mas não quero, e com você não vou.
- O único modo de salvar sua alma, é se morrer de amor.- E como fazer? Se ninguém a vista eu tenho?
- Não posso te ajudar, são as leis de onde eu venho.
- Onde vai, porque abres a porta?
- Chegou o momento de controlar essa sua revolta.
- E se eu não conseguir, se eu falhar?
- Esteja de malas prontas, virei para te buscar!

Um comentário:

  1. Ah..doce e cruel solidão!
    Contigo, ou morremos ou aprendemos.
    Mergulhamos no fascinante nosso mundo e nos esvaziamos de nós mesmos ou de lá do fundo tomamos novo fôlego para então voltarmos à margem para darmo-nos uma nova chance.
    A solidão é muitas vezes necessária, muitas vezes desejada ou não - pode chegar também sem avisar e nos pegar desprevenidos - teremos então que lutar.
    De qualquer maneira ela a meu ver será sempre uma encruzilhada para tomarmos uma nova direção, e isto sim, nos dará uma nova chance, encará-la assim é salvação!
    Parabéns Rê, belo texto, linda reflexão!

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